scritor Daniel Galera comentou seus livros e seu processo criativo em encontro do Clube da Leitura

Uma reunião de leitores para trocar, além de títulos e autores, experiências e impressões sobre os livros. É assim que funciona o Clube da Leitura, que acontece todo mês na Biblioteca Eduardo Haute na AABB. Esses encontros literários atraem cada vez mais leitores ao Clube e abrem a possibilidade de conhecimento de gêneros e autores que até então eram desconhecidos e passavam despercebidos nas prateleiras da biblioteca. O encontro desse sábado, 15 de outubro, contou com a ilustre presença do romancista, contista e tradutor Daniel Galera, autor de diversos títulos, incluindo o livro Barba Ensopada de Sangue (2012), que está entre as preferências dos leitores da AABB.

Daniel bateu um papo descontraído com os leitores, contando suas experiências e seu processo criativo. O escritor é paulista, de família gaúcha, e teve sua criação em Porto Alegre. Morou em São Paulo e Santa Catarina, e, atualmente, escolheu retornar à capital gaúcha onde está fixado. O contato de Galera com a literatura começou cedo, desde a infância lia muitos romances juvenis, gibis, HQs. Já na adolescência, era um leitor voraz de contos e romances e, aos 16 anos, com o apoio de professores e o surgimento da web como espaço de publicação, mergulhou mais fundo na escrita, começando a divulgar seus contos e textos na então quase desconhecida internet. Em 2001, lançou seus dois primeiros livros, a coletânea de contos Dentes Guardados, e o romance Até o Dia em que o Cão Morreu,pelo selo independente Livros do Mal, criado em parceria com Daniel Pellizzari e Guilherme Pilla. A partir daí, a escrita virou o centro da sua vida. Além de escrever prosa de ficção, resenhas, ensaios e reportagens, traduz autores de língua inglesa. Em 2007, seu livro O Dia que seu Cão Morreu ganhou uma adaptação para o cinema com o nome de Cão sem Dono. Neste ano, outra obra do autor foi retratada nas telonas, a adaptação do livro Mãos de cavalo recebeu o título de Prova de Coragem e tem a atriz Mariana Ximenes como protagonista.

Daniel Galera conta que seus livros nascem de um longo período de cultivo de ideias soltas na imaginação. “Eu escrevo primeiro na mente, e só inicio o manuscrito quando já tenho uma ideia bem formada dos personagens, trama e temas que movem a narrativa”, salienta. O autor ressalta que o importante é manter o livro na consciência o tempo todo, refinando, deixando as ideias brotarem, e é na hora da escrita que entra uma rotina mais aplicada, com disciplina, pesquisa e tudo mais para finalizar a obra. Questionado sobre seus autores preferidos, Galera explica que eles mudam o tempo todo, por exemplo, os contos de Tchekov e Edgar Allan Poe foram importantes no início da vida literária. Já no fim da adolescência, autores como Hilda Hilst, João Gilberto Noll, Sérgio Faraco, Philip Roth, Yukio Mishima e Albert Camus o inspiraram a encontrar sua própria voz. Recentemente, o escritor norte-americano David Foster Wallace tornou-se uma de suas principais referências.

Sobre o encontro com os leitores e fãs abebeanos, Daniel considera que os Clubes de Leitura são importantes pra criar e manter o hábito, bem como o de aprofundar a capacidade de compreensão e interpretação de texto. Ele comenta que a sociedade moderna oferece cada vez mais distrações que dificultam preservar o tempo destinado aos livros, que é vagaroso e exige imersão.“Os clubes acabam sendo um local de resistência para quem deseja priorizar a leitura”, esclarece. O autor ainda cita que, para um escritor, é sempre proveitoso o contato com o público, e, para que tudo corra bem e se torne uma fonte de aprendizado e prazer para ambos, é preciso se atentar à medida ideal. “Tem que tomar cuidado pra não deixar o contato com o leitor inflar demais o ego ou distrair do foco em novos projetos”, complementa.

Daniel Galera lançou recentemente o livro Meia Noite e Vinte e pretende iniciar alguns novos contos ainda neste ano. O autor revela que os planos são ainda maiores, quer se envolver em projetos interdisciplinares, com as artes plásticas, por exemplo.. A Biblioteca Eduardo Haute possui diversos títulos do autor para empréstimo. Para quem não o conhece, sempre é tempo de mergulhar na leitura.